24 de novembro de 2013

Tarde amarela e azul. Poemas escritos na Índia.

TARDE AMARELA E AZUL
VIAJO entre poços cavados na terra seca.
Na amarela terra seca.
Poços e poços de um lado e de outro.
Sáris amarelos e azuis,
homens envoltos em velhos panos amarelados,
crianças morenas e dóceis;
tudo se mistura aos veneráveis bois
que sobem e descem em redor dos poços.
Dourados campos solitários,
longas e longas extensões cor de mostarda.
São flores?
Lua do crepúsculo abrindo no céu jardins aéreos,
nuvens de opalas delicadas.
Poços e poços. E mulheres carregando ramos ainda com folhas,
árvores caminhantes ao longo da tarde silenciosa.
Passeiam pavões, reluzentes e felizes.
Caminham os búfalos mansos, de chifres encaracolados.
Caminham os búfalos ao lado dos homens: uma só família.
E os ruivos camelos aparecem como colinas levantando-se,
e passam pela última claridade do crepúsculo.
Todas as coisas do mundo:
homens, flores, animais, água, céu...
Quem está cantando muito longe uma pequena cantiga?
De uma exígua moita,
sai de repente um bando de pássaros:
como um fogo de artifício todo de estrelas azuis.
(E o deserto está próximo.)

De Poemas escritos na Índia.
(MEIRELES, Cecilia. Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1973. pág. 20-21)

Fonte:potirah




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